27/04/2025

Pregação: Qual é o Objetivo?

pregação qual é o objetivo

Pregação qual é o objetivo? Como qualquer outro cristão, muitas vezes sentei-me extasiado na igreja, tendo minha mente preenchida e minhas afeições despertadas. Mas às vezes, depois de chegar em casa, mal consigo me lembrar de uma palavra que foi dita. O mesmo às vezes se aplica a livros, estudos bíblicos e conferências. O que era tão significativo na época pode ser quase esquecido pouco tempo depois, deixando-me questionar se era realmente tão importante em primeiro lugar.

Faz alguns anos que li a grande biografia de Jonathan Edwards escrita por George Marsden. Ao ler, fui interrompido várias vezes pela sabedoria de Edwards. Constantemente cercado por conflitos e muitas vezes enfrentando pessoas que tentavam minar seu ministério, Edwards teve todas as oportunidades para refletir sobre a tarefa de um ministro. Um desses conflitos envolvia a questão de saber se os sermões deveriam principalmente iluminar a mente ou se deveriam principalmente despertar as afeições. 

Charles Chauncy, seu oponente neste debate, acreditava que “uma mente iluminada, e não afeições elevadas, deve sempre ser o guia daqueles que se dizem homens; e isso, nos assuntos da religião, bem como outras coisas.” Como muitos homens de sua época, Chauncy acreditava que as afeições estavam intimamente ligadas às paixões da natureza animal e precisavam ser controladas pela faculdade superior da razão. O intelecto estava em um plano superior do que carinho.

Edwards discordou, ensinando que não se pode separar nitidamente as afeições da vontade. Ele insistia que tanto o intelecto quanto as afeições são falíveis e não totalmente confiáveis, mas ambos são dons de Deus e devem ser exercidos pelo cristão.

O Verdadeiro Impacto da Pregação e do Ensino

Marsden aponta uma aplicação disso. “Os críticos dos despertares alegaram que, quando as pessoas ouviam muitos sermões em uma semana, não conseguiam se lembrar muito do que tinham ouvido. Edwards contra-atacou: ‘O principal benefício obtido pela pregação é a impressão causada na mente no tempo dele, e não pelo efeito que surge depois por uma lembrança do que foi entregue.’” Marsden conclui: “A pregação, em outras palavras, deve antes de tudo tocar as afeições” (Página 282).

Achei isso um grande encorajamento. Como qualquer outro cristão, muitas vezes sentei-me extasiado na igreja, tendo minha mente preenchida e minhas afeições despertadas. Mas às vezes, depois de chegar em casa, mal consigo me lembrar de uma palavra que foi dita. O mesmo às vezes se aplica a livros, estudos bíblicos e conferências. O que foi tão significativo em um momento pode ser quase esquecido pouco tempo depois, levando-me a questionar se realmente era tão importante desde o início.

Isso não quer dizer que nada grude em minha mente. Certamente me lembro muito do que ouço e do que leio. Mas quando considero um livro de 500 páginas ou uma série de oito palestras e comparo o que li ou ouvi com o que agora me lembro, pode ser terrivelmente frustrante. Pode ser desanimador.

Fé no Processo: O Trabalho Invisível do Espírito Santo

Mas, de acordo com Edwards, se eu me preocupasse dessa maneira, estaria enfatizando demais o intelecto e minimizando a importância das afeições. Cheguei a uma conclusão semelhante a esta não muito tempo atrás, embora, ao contrário de Edwards, tenha me baseado na necessidade, em vez de argumentar com base nas Escrituras. 

Com a quantidade de conferências a que assisto e o número de livros que leio, tenho que ter fé de que Deus está trabalhando por meio deles, mesmo que não consiga me lembrar dos detalhes íntimos de um livro ou conferência, mesmo apenas três semanas após o fato. Eu tive que confiar que o esforço não é em vão, mesmo que tanto pareça desaparecer tão rapidamente. Tive que confiar que o Espírito Santo está trabalhando nos bastidores, fazendo Sua obra, mesmo quando não consigo medir facilmente qualquer benefício. Eu tive que confiar,

O Valor Duradouro da Experiência Espiritual

As palavras de Edwards me deram confiança de que o valor de um livro não se mede apenas pelo quanto me lembro dele uma ou duas semanas, ou mesmo um mês, após a leitura. O benefício de um sermão pode ser maior durante a audição do que nas reflexões posteriores sobre ele. O benefício de uma conferência pode estar mais na audição do que na recontagem dela. 

Deus usa livros, estudos bíblicos, conferências e sermões não apenas para encher minha mente, mas também (e talvez principalmente) para despertar minhas afeições, mesmo que uma quantidade frustrante do benefício pareça desaparecer muito rapidamente.

Analisei a citação de Edwards no Google e descobri que outras pessoas também discutiram essas palavras. Eu encontrei um artigo particularmente benéfico. Paul Lamey em Expository Thoughts os aplica para fazer anotações durante a igreja. Ele também cita Martyn Lloyd-Jones, que escreveu sobre Edwards: “O primeiro e principal objetivo da pregação não é apenas dar informações. É, como diz Edwards, produzir uma impressão. É a impressão no momento que importa, mesmo mais do que você pode se lembrar posteriormente… Não é principalmente para transmitir informações; e enquanto você está escrevendo suas anotações, pode estar perdendo algo do impacto do Espírito.”

Deus foi bom em permitir que eu encontrasse essas palavras. Nos dois anos desde que os li pela primeira vez, essas palavras frequentemente ressoaram em meu coração, dando-me confiança de que o Espírito está agindo quando minhas afeições são tocadas e meu coração anseia por Ele.

Conclusão: O Verdadeiro Impacto da Palavra em Nossas Vidas

Ao longo deste texto, refletimos sobre a relação entre intelecto e afeições, sobre como a pregação e o ensino impactam nossa vida espiritual, e sobre a necessidade de confiar no trabalho invisível do Espírito Santo. Muitas vezes, podemos nos sentir frustrados ao perceber que não conseguimos nos lembrar de cada detalhe de um sermão, de um livro ou de uma conferência. No entanto, como Edwards argumentou, o verdadeiro valor dessas experiências não está apenas na retenção do conhecimento, mas na transformação que elas causam no momento e na forma como moldam gradualmente nosso coração e nossa fé.

Deus trabalha em nós de maneiras que nem sempre conseguimos medir ou compreender. O impacto de uma pregação pode não ser imediato, mas seus efeitos surgem ao longo do tempo, influenciando nossos pensamentos, sentimentos e ações. Mais do que a quantidade de informações que absorvemos, o essencial é ter um coração disposto a ser tocado e transformado pelo que ouvimos e vivemos na presença de Deus.

Que possamos confiar que, mesmo quando nossa memória falha, Deus nunca deixa de agir. Ele usa cada experiência, cada palavra ouvida e cada emoção despertada para nos moldar à imagem de Cristo, conduzindo-nos a uma fé mais profunda e sincera.

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