Aplicando o Amor de Deus – 1 Coríntios 13 versos 4-8
O amor é paciente; o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, nem é arrogante. Não se porta de maneira inconveniente, não age egoisticamente, não se enfurece facilmente, não guarda ressentimentos. O amor não se alegra com a injustiça, pois sua felicidade está na verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais morre; todavia, as profecias deixarão de existir, as línguas cessarão, o conhecimento desaparecerá. Porquanto em parte conhecemos e em parte profetizamos;
Introdução
Imagine estar em um movimentado mercado na antiga cidade de Corinto. O som dos vendedores anunciando suas mercadorias, o burburinho de pessoas de todas as esferas da vida — escravos, libertos, cidadãos romanos ricos — enche o ar. Seus sentidos são inundados pelo cheiro de especiarias exóticas, peixes frescos do Golfo de Corinto e pelo barulho da vida acontecendo ao seu redor.
Enquanto você se move pela multidão, encontra um grupo reunido em um canto, atraído por uma voz envolvente que parece se destacar acima do clamor. Você se aproxima e vê um homem falando com fervor, suas palavras apaixonadas capturando a atenção de todos ao redor. Este é o apóstolo Paulo, um orador articulado e fervoroso seguidor de Cristo, comovendo os corações e mentes dos coríntios com sua poderosa mensagem de amor.
Agora, avance dois milênios. Você está em uma cidade movimentada, com sons de buzinas de carros, celulares tocando e uma multidão de vozes em diferentes idiomas. Pessoas de todas as esferas da vida o cercam. O mundo mudou dramaticamente, mas as necessidades e os desejos do coração humano permanecem surpreendentemente semelhantes. Nós ansiamos por conexão, por compreensão e, acima de tudo, por amor. E as palavras que Paulo falou naquele mercado na antiga Corinto continuam a ecoar com profunda relevância em nosso mundo contemporâneo.
Uma descrição desafiadora
Em 1 Coríntios 13 versos 4-8, Paulo nos apresenta uma descrição bela e desafiadora do amor. Ele nos chama a um amor que é paciente e bondoso, um amor que não inveja, não se orgulha, não é arrogante. É um amor que não desonra os outros, não é egoísta, não se irrita facilmente e não guarda rancor. Esse amor não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Ele sempre protege, sempre confia, sempre espera e sempre persevera. Acima de tudo, esse amor nunca falha.
Essas palavras não são uma filosofia abstrata, mas um modelo de como devemos viver e nos relacionar uns com os outros, seja no Corinto do século I ou no mundo do século XXI.
O Amor é Paciente e Bondoso
A narrativa bíblica apresenta um exemplo vívido da paciência e bondade divinas no Livro de Êxodo. No capítulo 32, os israelitas, desviados pela impaciência e pelo medo, cometem um ato de profunda rebelião contra Deus. Eles constroem e adoram um bezerro de ouro, um ídolo, enquanto Moisés está no Monte Sinai recebendo os Dez Mandamentos do próprio Deus. Essa flagrante violação de sua aliança com Deus poderia ter justificado uma punição severa, um rompimento da relação divino-humana.
No entanto, Deus escolhe um caminho diferente. Em Êxodo 34:6, quando Deus se revela a Moisés novamente, Ele descreve a Si mesmo como “o SENHOR, o SENHOR, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade.” Apesar da gravidade da transgressão dos israelitas, Deus renova a aliança, escolhendo a misericórdia em vez da ira, o perdão em vez da retribuição.
A narrativa histórica
Nessa narrativa histórica, a paciência de Deus se manifesta como Sua graciosa tolerância. Deus, estando plenamente ciente da rebelião dos israelitas, ainda assim lhes oferece outra chance. Sua bondade, por outro lado, é expressa como uma boa vontade generosa, um desejo de manter um relacionamento amoroso com Seu povo, apesar de sua propensão a errar.
A declaração de Paulo de que “o amor é paciente, o amor é bondoso” em 1 Coríntios 13 ecoa esse exemplo divino. Quando olhamos para a história do bezerro de ouro, podemos ver um Deus que personifica essas virtudes do amor diante das falhas humanas. Os israelitas rebeldes representam a humanidade em sua forma mais desobediente, e, no entanto, a resposta de Deus é paciência e bondade.
O que isso significa para nós? Isso nos ensina que nossa resposta às decepções, às falhas dos outros e às situações que não atendem às nossas expectativas deve ser a paciência e a bondade. Assim como a paciência de Deus permitiu que Ele visse além do fracasso momentâneo dos israelitas, somos chamados a ser pacientes com as deficiências e imperfeições dos outros. Da mesma forma, Sua bondade nos chama a ser ativamente generosos e bons para com os outros, a buscar o bem-estar e o crescimento deles.
Ao incorporarmos essas características do amor em nossa vida diária, não apenas melhoramos nossos relacionamentos com os outros, mas também nos tornamos reflexos vivos do amor divino que Deus nos mostrou. De fato, praticar a paciência e a bondade é participar da história contínua do amor de Deus pela humanidade.
O Amor Não Inveja, Não se Gaba, Nem se Ensoberbece
As escrituras trazem à vida várias ocasiões em que as tendências destrutivas da inveja, da arrogância e do orgulho são ilustradas, oferecendo-nos um modelo para uma vida cheia de amor e humildade.
No coração dos Dez Mandamentos (Êxodo 20:17), em meio aos decretos divinos que guiariam a vida dos israelitas, a inveja é diretamente confrontada. “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo.” Com essas palavras, Deus estabeleceu um princípio essencial — que Seu povo deveria se abster de desejar o que os outros possuíam. Eles foram chamados a se contentar com suas próprias circunstâncias, promovendo um ambiente de harmonia em vez de discórdia.
O arco narrativo dos israelitas, uma nação incipiente encontrando seu caminho, estava intrinsecamente ligado a esse mandamento. Havia uma riqueza nesse chamado contra a inveja; não se tratava apenas de evitar ressentimento ou rivalidade, mas também de nutrir a apreciação pelas bênçãos que já se possuía, promovendo gratidão e contentamento. Ao eliminar a inveja, eles estavam lançando as bases para uma comunidade enraizada no respeito mútuo, na paz e na ação de graças.
O orgulho, por outro lado, era uma característica contra a qual a literatura de sabedoria do Antigo Testamento, particularmente o livro de Provérbios, advertia veementemente. Provérbios 16:18 oferece uma advertência severa: “O orgulho vem antes da destruição, e o espírito altivo, antes da queda.” Essas antigas palavras de sabedoria faziam parte do tecido que unia a sociedade israelita. Elas guiavam o povo em direção a uma vida de humildade, uma vida que respeitava a soberania e a sabedoria de Deus e reconhecia suas próprias limitações humanas.
O orgulho contra o qual
O orgulho contra o qual se advertia aqui não é uma autoestima saudável ou uma satisfação justificada pelas próprias conquistas. Em vez disso, é um senso inflado de autoimportância que cega a pessoa para sua dependência de Deus e dos outros, uma autoexaltação que dificulta o cultivo da comunidade e da alegria compartilhada. Ao viver sem esse tipo de orgulho, os israelitas estavam preparando o cenário para uma sociedade onde a humildade e o respeito mútuo prosperavam.
Quando lemos as palavras de Paulo em 1 Coríntios 13:4, afirmando que o amor “não inveja, não se vangloria, não se orgulha”, somos lembrados desses elementos fundamentais da sociedade israelita e dos mandamentos de Deus. O amor, como Paulo o descreve, rejeita essas atitudes egocêntricas. Em vez disso, ele nos encoraja a encontrar alegria nos sucessos dos outros, a promover o bem comum em vez de nossas próprias conquistas e a adotar um espírito humilde que reconhece nossa dependência de Deus e dos outros.
Em nosso contexto contemporâneo, esses ensinamentos continuam a ter um significado profundo. Eles nos convidam a promover comunidades definidas não pela rivalidade e autopromoção, mas pela humildade, gratidão e um genuíno cuidado pelo bem-estar dos outros. Nosso desafio, então, é incorporar esses aspectos do amor em nossas interações e relacionamentos diários, estendendo a narrativa do amor divino que Deus começou com Seu povo há milhares de anos.
O Amor Não Desonra os Outros, Não é Egoísta
As narrativas bíblicas frequentemente perturbam nossos padrões habituais de pensamento, desafiando-nos a ver o mundo de maneiras novas e transformadoras. Isso talvez seja mais evidente nos ensinamentos de Jesus durante o Sermão da Montanha.
Em Mateus 7:12, Jesus oferece uma diretiva profunda, frequentemente chamada de “Regra de Ouro”: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois isso resume a Lei e os Profetas.” Aqui, Jesus está incentivando uma empatia radical, um respeito pelos outros que transcende barreiras sociais, culturais e pessoais. A Regra de Ouro nos chama a considerar e tratar os outros não com base em seu status ou em nossas inclinações pessoais, mas com base em sua dignidade inerente como criações de Deus.
Jesus não está apenas nos pedindo para evitar desonrar os outros; Ele está nos convidando a honrá-los ativamente, a considerar suas necessidades, seus sentimentos e seu bem-estar como valiosos como os nossos. Isso não se trata de uma tolerância relutante, mas de um amor genuíno, um amor que vê o outro como um próximo, um companheiro de jornada na vida.
Mas Jesus não apenas pregou esse princípio; Ele o encarnou. Sua vida, e mais importante, Sua morte, exemplificaram o altruísmo que está no cerne desse tipo de amor. Em João 15:13, Jesus declara: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.” Pouco depois, Ele viveu essas palavras na cruz.
Amor autruísta
A crucificação foi uma exibição marcante do amor altruísta. Jesus, em Seus momentos finais, não buscou Seu conforto, preservação ou vindicação. Em vez disso, Ele abraçou voluntariamente a dor, a vergonha e a morte. Ele fez isso não para Seu benefício, mas para a redenção da humanidade, para restaurar o relacionamento quebrado entre Deus e os seres humanos.
A cruz, portanto, apresenta o antítese do amor egoísta. Ela nos mostra um amor que é orientado para o outro, um amor que está disposto a sacrificar, um amor que prioriza o bem-estar dos outros até o ponto da autonegação. Esse é o tipo de amor a que Paulo se refere quando diz que o amor “não desonra os outros” e “não é egoísta”.
Diante do exemplo de Jesus, somos chamados a reorientar nossas vidas, a permitir que esse tipo de amor permeie nossos relacionamentos e ações. Isso significa tratar todos que encontramos com dignidade e respeito, independentemente de quem sejam ou de como nos tratem. Também significa viver de forma altruísta, considerando as necessidades dos outros e trabalhando para o bem-estar deles, mesmo quando isso exige sacrifício de nossa parte.
À medida que nos esforçamos para viver dessa maneira, contribuímos para a história contínua do amor de Deus, uma história que começou com a criação, foi encarnada em Jesus e continua conosco. Nós nos unimos a um legado de amor altruísta que tem o poder de transformar nossas comunidades e nosso mundo.
O Amor Não se Irrita Facilmente, Não Guarda Rancor
À medida que mergulhamos nas histórias e ensinamentos da Bíblia, encontramos instâncias em que os princípios de perdão, reconciliação e abandono da raiva estão intrinsecamente tecidos na estrutura de nossa fé.
Um exemplo disso é encontrado nos ensinamentos de Jesus durante o Sermão da Montanha. Em Mateus 5:24, Jesus instrui Seus seguidores a primeiro se reconciliarem com seu irmão ou irmã antes de oferecerem seus dons no altar. Aqui, Jesus sinaliza uma reorientação radical das prioridades religiosas. Ele coloca a manutenção de relacionamentos harmoniosos acima da realização de rituais religiosos, mostrando-nos que Deus valoriza nossos relacionamentos uns com os outros tanto quanto, se não mais, do que nossos deveres religiosos.
Esse ensinamento revela um aspecto essencial do amor: ele não se irrita facilmente. Jesus nos encoraja a acalmar nossa raiva, a buscar a reconciliação ativamente, em vez de deixar nossa raiva fermentar e envenenar nossos relacionamentos. Ao fazer isso, Ele apresenta um modelo de amor que prioriza a unidade e a paz, um amor que é paciente e compreensivo, lento para se irar e rápido para perdoar.
A misericórdia infinita
Da mesma forma, a misericórdia infinita de Deus retratada no Salmo 103:12 serve como uma ilustração vívida de um amor que “não guarda rancor”. Nesse salmo, Davi, um homem que conheceu falhas pessoais significativas, canta sobre o perdão de Deus: “Assim como o oriente está longe do ocidente, assim Ele afasta de nós as nossas transgressões.”
Essa imagem de remoção completa, de uma distância infinita entre nossos pecados e nós, enfatiza a profundidade do perdão de Deus. Ele não se agarra aos nossos erros, não os deixa interferir em Seu amor por nós. Davi, que estava intimamente ciente de suas próprias falhas e da graça que recebeu, oferece esse salmo como um testemunho da misericórdia infinita de Deus e como um modelo para nós imitarmos.
Quando lemos em 1 Coríntios 13:5 que o amor “não se irrita facilmente, não guarda rancor”, essas narrativas bíblicas fornecem o contexto. O amor, como ilustrado por Jesus e cantado por Davi, é uma força de reconciliação, perdão e graça. Ele rejeita a raiva e o ressentimento, optando por absorver as dores e oferecer o perdão.
No mundo de hoje, esse ensinamento tem implicações profundas. Em uma cultura que frequentemente valoriza a retaliação, que se lembra de ofensas e é rápida para se irar, somos chamados a viver de maneira diferente. Somos desafiados a incorporar um amor que perdoa livremente, que busca a reconciliação e que não deixa a raiva governar nossos relacionamentos. Ao fazer isso, oferecemos àqueles ao nosso redor um vislumbre do amor divino, um amor que perdoa e reconcilia, que cura e une. E, ao fazê-lo, adicionamos nosso próprio capítulo à história contínua do amor de Deus pela humanidade.
O Amor se Alegra com a Verdade
Há momentos na narrativa bíblica que parecem uma pausa silenciosa, onde uma revelação profunda ecoa nos corredores silenciosos do tempo. Um desses momentos acontece em uma sala tranquila, longe das multidões barulhentas, quando Jesus se senta com Seus seguidores mais próximos.
Na reunião íntima da Última Ceia, Jesus fez uma declaração profunda em João 14:6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim.” Com essa declaração, Jesus afirma personificar a verdade em si mesmo. Ele afirma que o amor, em sua forma mais pura, e a verdade são inseparáveis, e conhecê-Lo é conhecer e se alegrar com a verdade.
Essa declaração adiciona uma nova camada à nossa compreensão do amor como retratado em 1 Coríntios 13:6, onde Paulo escreve: “O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.” Através das palavras de Jesus, vemos que o amor não apenas se alinha com a verdade, mas encontra alegria nela.
O plano redentor de Deus
Na grande narrativa do plano redentor de Deus, a verdade se opõe ao engano, ao pecado e a tudo o que nos separa de Deus. Quando nos alinhamos com a verdade, estamos com Jesus e nos opomos à falsidade em todas as suas formas. Ao nos alegrarmos com a verdade, celebramos a realidade da vida, dos ensinamentos e da obra redentora de Jesus na cruz. Nos alegramos com o amor divino que escolheu habitar entre nós, nos ensinar e nos salvar.
À medida que navegamos por nossas vidas em um mundo frequentemente envolto em meias-verdades e enganos, as palavras de Jesus e a descrição de Paulo sobre o amor nos lembram da importância de valorizar a verdade. Seja em nossas vidas pessoais, em nossas comunidades ou em questões sociais mais amplas, somos chamados a ser pessoas da verdade.
Somos desafiados a manter a honestidade em nossas interações, a buscar a verdade em nossa jornada por conhecimento e a defendê-la em nossos compromissos sociais. Ao fazer isso, não seguimos apenas um código moral, mas refletimos a natureza de Jesus, Aquele que é a própria verdade. Dessa forma, nosso compromisso com a verdade se torna um ato profundo de amor – amor por Deus, amor pelos outros e amor por nós mesmos.
Assim, alegrar-se na verdade é mais do que uma celebração individual; é uma afirmação comunitária da realidade subjacente do mundo, conforme revelada em Jesus. Cada vez que escolhemos a verdade em vez do engano, cada vez que sustentamos a honestidade em detrimento da falsidade, participamos dessa celebração universal. E, ao fazê-lo, ecoamos a canção do amor divino que ressoa desde o princípio da criação.
O Amor Sempre Protege, Sempre Confia, Sempre Espera, Sempre Persevera
Na coletânea de antigos poemas conhecida como o Livro das Lamentações, encontramos uma das expressões mais profundas de tristeza e luto da Bíblia. No entanto, em meio à dor e ao desespero que permeiam esses versos, um raio de esperança brilha através da escuridão.
Em Lamentações 3:22-23, o profeta Jeremias, diante da desolação de Jerusalém e do exílio de seu povo, proclama: “Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se a cada manhã; grande é a tua fidelidade.” Apesar das circunstâncias sombrias ao seu redor, Jeremias declara sua confiança no amor infalível de Deus e em Sua fidelidade inabalável.
A declaração cheia de esperança de Jeremias reflete o amor descrito por Paulo em 1 Coríntios 13:7 – um amor que “sempre protege, sempre confia, sempre espera, sempre persevera.” O amor de Deus demonstrado ao Seu povo, mesmo em meio à rebeldia e ao sofrimento, incorpora essas características.
As características do Amor de Deus
“O amor sempre protege” nos lembra da providência de Deus, de Seu cuidado divino que nos guarda, mesmo quando atravessamos os vales mais sombrios da vida. Essa qualidade protetora do amor nos chama a ser refúgio para os outros, a defender os vulneráveis e a lutar por justiça e equidade.
“O amor sempre confia” reflete a fidelidade de Deus para com Seu povo. Apesar de sua constante infidelidade, Deus permaneceu fiel à Sua aliança com Israel. Esse aspecto do amor nos desafia a confiar na bondade dos outros, a acreditar em seu potencial e a permanecer firmes em nossos compromissos.
“O amor sempre espera” expressa a esperança inabalável do profeta Jeremias em meio à destruição. Esse amor nos chama a ser portadores de esperança no mundo, encorajando os outros com palavras de ânimo e atos de bondade, acreditando em um futuro melhor, mesmo diante do desânimo e da adversidade.
“O amor sempre persevera” revela a resistência do amor de Deus, um amor que continua buscando a humanidade, apesar de nossas falhas. Esse aspecto do amor nos convida a permanecer pacientes e persistentes em nosso amor pelos outros, enfrentando as tempestades da vida e nos agarrando ao amor, mesmo quando ele se torna difícil.
Essas qualidades do amor, descritas por Paulo, não são apenas virtudes humanas. Elas refletem o amor divino que Deus demonstra ao Seu povo ao longo de toda a narrativa bíblica — um amor que protege, confia, espera e persevera independentemente das circunstâncias. Ao nos esforçarmos para viver esse tipo de amor em nosso dia a dia, alinhamos nossos corações com o coração de Deus, tornando-nos canais de Seu amor divino para o mundo.
O Amor Nunca Falha
Entre os Profetas Menores, no último livro do Antigo Testamento, encontramos uma notável afirmação sobre a natureza imutável de Deus. Em Malaquias 3:6, Deus declara: “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vocês, filhos de Jacó, não são consumidos.” Apesar dos ciclos contínuos de desobediência e arrependimento do Seu povo, Deus permanece constante e fiel. Seu amor nunca falha.
Essa natureza imutável de Deus, chamada Imutabilidade de Deus pelos teólogos, revela muito sobre a essência do amor divino. Enquanto o povo de Israel oscilava entre fidelidade e rebeldia, Deus permanecia fiel às Suas promessas. Seu amor por eles não dependia de seu comportamento ou lealdade; ele se baseava no próprio caráter de Deus, em Seu amor constante, que dura para sempre.
Em 1 Coríntios 13:8, Paulo conclui sua descrição do amor com a poderosa afirmação: “O amor nunca falha.” Quando entendemos isso no contexto do amor imutável de Deus ao longo da narrativa bíblica, percebemos que Paulo não está falando apenas sobre o amor humano. Ele está apontando para o amor divino, o amor ágape de Deus, um amor que nunca desiste, nunca se esgota e nunca falha.
Um grande ideal
A descrição de Paulo sobre o amor em 1 Coríntios 13 não é apenas um ideal a ser alcançado; é uma realidade divina da qual somos chamados a participar. Como seguidores de Cristo, devemos refletir esse amor infalível em nossos relacionamentos. Assim como o amor de Deus por nós permanece inabalável, apesar de nossas falhas, nosso amor pelos outros deve espelhar esse mesmo compromisso incondicional. Nosso amor não deve ser influenciado pelo comportamento alheio ou pelas circunstâncias; deve ser um farol firme, um testemunho do amor eterno de Deus.
Em um mundo onde relacionamentos frequentemente falham devido a expectativas não atendidas, onde compromissos são quebrados e o amor parece muitas vezes condicionado, o chamado para amar como Deus nos ama é revolucionário. Ele nos desafia a amar além de nossa própria capacidade, com um amor divino que nunca falha. E à medida que nos esforçamos para viver esse amor em nossas interações diárias, tornamo-nos canais do amor infalível de Deus, refletindo Sua luz no mundo ao nosso redor. Ao fazer isso, participamos da contínua história da redenção de Deus – uma história fundamentada em Seu amor que nunca falha.
Aplicação para os Dias de Hoje
Em um mundo frequentemente impulsionado pela divisão, a mensagem atemporal do amor descrita em 1 Coríntios 13:4-8 serve como um farol de esperança. Esse amor nos chama, independentemente do contexto moderno, a exemplificar uma atitude paciente, bondosa, livre de inveja e não inflada pelo orgulho. É um amor que não desonra os outros, não busca os próprios interesses, não se irrita facilmente e não guarda rancor. Mais do que nunca, o mundo precisa de indivíduos, comunidades e sociedades que defendam a verdade, protejam, confiem, esperem, perseverem e, acima de tudo, nunca deixem de amar.
A descrição do amor nesta passagem nos desafia a examinar nossas atitudes e ações. Somos pacientes e bondosos com aqueles com quem interagimos? Evitamos invejar os outros, nos vangloriar de nossas conquistas ou alimentar o orgulho? Honramos as pessoas ao nosso redor e evitamos comportamentos egoístas? Controlamos nossa ira e nos recusamos a guardar ressentimentos? Defendemos a verdade, protegemos, confiamos, esperamos e perseveramos no amor?
Viver esse tipo de amor pode parecer desafiador, mas não é uma tarefa impossível. Requer que tomemos decisões diárias alinhadas com o amor descrito nessa passagem. Pode ser algo tão simples quanto ser paciente com um colega de trabalho difícil, escolher não se gabar de nossas realizações, sentir alegria genuína pelo sucesso de um amigo ou decidir perdoar um membro da família que nos magoou.
Precisamos perseverar no amor
Em uma sociedade onde as falsidades podem ser disseminadas com o clique de um botão, somos chamados a ser portadores da verdade. Num mundo onde os vulneráveis muitas vezes ficam desprotegidos, somos desafiados a ser seus guardiões. Em tempos de cinismo generalizado e desconfiança, somos chamados a confiar e inspirar confiança. Quando o desespero parece dominar, devemos ser portadores da esperança. E quando os desafios se tornam árduos, somos lembrados de perseverar no amor.
Além disso, em um mundo onde relacionamentos e compromissos podem ser tão passageiros quanto um deslizar de tela no smartphone, somos convidados a abraçar a compreensão de que o amor nunca falha. Nosso compromisso com nossos entes queridos, nossa dedicação às nossas comunidades, nossa lealdade aos nossos valores – esses são os verdadeiros testes do nosso amor. Através do nosso amor constante, podemos mostrar ao mundo um vislumbre do amor infalível de Deus.
Em conclusão, a descrição do amor feita por Paulo em 1 Coríntios 13:4-8 não é apenas um ideal pelo qual devemos lutar, mas um caminho de vida transformador. Ao aplicarmos esses princípios ao nosso contexto atual, veremos mudanças em nossas vidas, em nossos relacionamentos e em nossas comunidades. O amor, como descrito nesta passagem, é a força mais poderosa que podemos empregar para gerar mudanças positivas em nosso mundo. Ele é a própria essência de quem somos chamados a ser – como indivíduos, como comunidades e como uma família global.
Portanto, amemos com intensidade, pois, acima de tudo, “o amor é o maior de todos.”
Uma Oração pelo Amor
Pai Celestial,
Viemos diante de Ti com corações cheios de gratidão pela insondável profundidade do Teu amor, um amor que é paciente, bondoso, duradouro e infalível. Ficamos maravilhados com o Teu amor divino, que nunca cessa, o amor que vimos revelado na vida, morte e ressurreição do Teu Filho, Jesus Cristo.
Senhor, reconhecemos que nossa capacidade de amar é limitada, mas o Teu amor não tem limites. Humildemente, pedimos que derrames o Teu amor em nossos corações, para que possamos amar como Tu amas – com paciência, bondade, sem inveja ou orgulho. Ajuda-nos, ó Deus, a não desonrar os outros, a não buscar nossos próprios interesses em detrimento do próximo. Ensina-nos a controlar nossa ira e a perdoar, assim como Tu nos perdoaste, sem guardar um registro de ofensas.
Concede-nos coragem para nos alegrarmos na verdade, para proteger os vulneráveis, para confiar mesmo quando for difícil, para ter esperança em todas as circunstâncias e para perseverar diante dos desafios. Ajuda-nos a compreender a imensidão do Teu amor, para que possamos estendê-lo aos que nos cercam, demonstrando que o amor nunca falha.
Deus…
Em um mundo muitas vezes marcado pela divisão e pelo conflito, que o Teu amor em nós se torne um farol de unidade e paz. Que nossas vidas reflitam o Teu amor, não apenas em palavras, mas, acima de tudo, em ações. Que cada ato de bondade, cada palavra de encorajamento e cada gesto de boa vontade sejam um reflexo do Teu amor infalível.
Ao nos esforçarmos para viver o amor descrito em 1 Coríntios 13, oramos para que Tu nos guies, fortaleças e preenchas com o Teu amor divino. Pois, ao vivermos esse amor, sabemos que estaremos caminhando nos passos de Jesus, cumprindo o maior mandamento: amar a Ti e ao nosso próximo.
Pedimos tudo isso, confiando no Teu amor eterno, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.